Oração pelos confusos

Que deus tenha piedade dos confusos, dos covardes, dos que não entendem as suas próprias vontades. Que o capeta os queime como os desgraçados que são. Que se corroam pelos arrependimentos do que não viveram. Que se acabem sozinhos, em ciúmes, dor e nostalgia.

Que a luz do autoconhecimento caia sobre eles, que entendam que ser recíproco não significa ser constante e que se doar não significa se perder. E em seguida rolem em brasa, chorem, que a casca da ferida inflame e lhes lembre todos os dias das dores que causaram. Que nunca esqueçam que poderiam ter sido amados mas preferiram virar churrasco.

Que o medo de viver coisas novas não lhes prive de sentimentos verdadeiros e que consigam se livrar das armadilhas criadas pela própria cabeça. E que se engasguem com o próprio sangue, com todas as palavras que causaram dor a quem não merecia. Que sufoquem sem ninguém notar a sua ausência.

Que o universo seja grande e sábio para afastá-los de mim e de todas as pessoas que sabem quem são, o que querem e para onde vão. Que não nos magoem, não destruam nosso amor próprio, não estilhacem corações que já passaram por tantos filhos da puta como eles. Que o mundo seja justo, minimamente justo, e só deixe viver em sociedade quem se permita amadurecer.

Que não faça com que pessoas boas desistam de outras pessoas boas. Que saiam do caminho. Que se lasquem, que se fodam, que se transformem em caramujos. Que se explodam!

Que o nosso cansaço (legítimo!) se transforme em flechas que serão atiradas quando a gente não estiver mais vendo. Que não sejamos obrigadas a desejar coisas boas a quem nos fere com a desculpa de que foi sem querer.

Que volte e entenda que o sim me faria ir a qualquer lugar.
Que me queira antes que a porta feche. Amém.