Amor à la Carte
Há cerca de um ano e meio, fiz uma postagem parecida com esta. Foi tirada do ar, mas senti que era hora de atualizar os conceitos. Muita coisa mudou desde então. Conheci muitas (muitas mesmo) pessoas e minha cabeça deu um nó. O fato é que, quando solteira, fiz o que toda solteira faz: entrei em um aplicativo de paquera buscando aquela interação humano-sexual através do celular.
Sim, eu uso o Tinder.
Nos meus tempos de solteira, lá pelos anos 2000, não havia essa opção. O auge da paquera virtual era um combo de Twitter, blog e MSN. Dinâmicas completamente diferentes deste grande cardápio virtual onde até a descrição do prato vem com filtro. É uma humilhação só!
Essa metáfora de cardápio se entranhou tanto na minha cabeça que eu realmente subdividi os contatinhos em quatro categorias distintas. Prestem atenção na sagacidade da gata:
Entrada
São aqueles que eu sei que jamais sairão do âmbito meramente sexual. É só para dar ali uma beliscadinha, enganar a fome de vez em quando. São aquelas pessoas na agenda que eu sei que posso mandar mensagem e dizer: e aí, bora? Se a resposta for “não”, posso escolher outra entradinha sem maiores alterações de expectativas. Sei que serei julgada, mas geralmente são os caras de vinte e poucos anos que não querem nada sério e estão certíssimos. Todo mundo se diverte e ninguém se machuca.
É a base da pirâmide. Muitas, muitas opções. Alguma que eu queira? Não. Mas opção não falta.
Prato Principal
São aqueles que eu penso: “esse eu apresentaria para as amigas!” Os famosos ficantes premium, que rola andar de mãozinha dada e tudo. Essa categoria me deixa chateada quando não dá certo ou quando simplesmente não se encantam por mim na mesma intensidade. Porque basta eu demonstrar interesse pela pessoa que ela passa a me achar desinteressante. Impressionante! Para quem não sabe jogar o jogo do fingir que não quer, como eu, é complicado.
Mas também é um encantamento com prazo de validade. Já sei que é um prato enjoativo que, depois de duas garfadas, já abusamos do gosto. Geralmente são duas ou três semanas super intensas, virou o mês, já não quero mais. Tóxica? Talvez.
Sobremesa
A maioria desses entram inicialmente na categoria Prato Principal por engano. São os mais gostosos na real. Às vezes até rola a ficada, mas depois ambos percebemos que seremos só amigos e está tudo bem. Trocamos dicas de séries, músicas, e até receitas como boas senhorinhas amigas que já se viram nuas um dia. Adoro.
Água que Não Bebereis
Tem gente que vira história para contar para as amigas. E que histórias! Alguns de fato viraram contos nunca publicados salvos no meu computador e, pensando agora, acho que chegou o momento de publicar.
De homem que ‘esqueceu’ de me avisar que era casado a novinho querendo casar e me levar para morar com a mãe dele. Teve de tudo. Na hora é desesperador, mas com o tempo fica divertido.
Eu te Amaria se Você Deixasse
Esta é a categoria mais triste. O topo da pirâmide. Conto nos dedos de uma mão os que chegaram até aqui.
São aqueles com quem houve química e vontade, mas a vida não quis que fosse adiante. Mas se tivesse dado certo, eu teria postado foto de casal no Instagram com a legenda: “dois meses de amor”. Bem brega e cafona. Bem a menina apaixonada que não fui.
Me deixa, eu tenho esse desejo de me apaixonar, receber e fazer declarações. Fazer planos, dançar de um jeito ridículo pela manhã e fazer piadas bobas. E é triste porque se tem uma coisa que não tenho é sorte.
Concluindo
É certo dividir as pessoas em categorias? Provavelmente não. Mas, pensando bem, escolher alguém para se relacionar através de fotos com filtro e bios genéricas já é bizarro por si só. Então, o que é categorizar diante de toda essa bizarrice?
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